E quando ele te deixa?





“Quando a gente pensa que sabe todas as respostas vem a vida e muda todas as perguntas”


Emprestei a frase, que não tem autor conhecido, para falar do final de um relacionamento. Existem muitos tipos de fim, os trágicos, os mornos, os frios, aqueles no qual já estamos vivendo há anos, o fim que chega de repente, mas agora só vou falar de dois tipos, que considero os piores.

O primeiro é aquele no qual a pessoa vai te deixando aos poucos. Enquanto você ainda está lutando, acreditando que tudo vai dar certo, mas a pessoa já não acredita, já não investe na relação e a cada dia se afasta mais um pouco.

Nunca! Em hipótese nenhuma, seja, de forma consciente, abandonada assim. Acho que a expressão popular “nadou, nadou, mas morreu na praia” tem tudo a ver com um fora desse tipo. Acontece naquelas situações em que você se arruma, faz o jantar, prepara os drinks e nada! Nada de emoção. Nada de calor. Nada de sentimento.

Ele chega, sorri com seus agrados, adora o jantar, elogia sua beleza, mas não está ali. Ele parece um robô, um clone mal feito. Ele não está ali porque na cabeça dele essa situação – você/jantar/drinks – já é vista como passado. Ele está apenas visitando o passado, só que ainda não te avisou. Ele quer se sentir mais seguro, então está apenas treinando te deixar.

Pois bem, é aí que a sua coragem precisa reinar. Você tem que se adiantar. Vamos lá! Corra e deixe-o! Não tenha receio, um homem zumbi não é um homem. Deixe-o com a dignidade de quem nasceu para ser muito amada, deixe-o com a cabeça erguida de quem sabe que fez tudo o que pôde, deixe-o de uma forma que ele nunca mais tenha coragem de fazer isso com outra mulher. Um homem assim não merece seu respeito, é um homem morno e não há nada pior do que isso.

Lembre-se sempre que depois de um fim, mesmo que a gente se negue a acreditar, há um recomeço. Parece frase feita, é verdade, mas não adianta a vida às vezes nos apresenta momentos de canastrice, como a da frase acima, totalmente verdadeira. Mas jamais a diga a uma amiga que acabou de levar um fora, afinal, você se imagina dizendo isso a alguém cheio de dor e não levando um chute?

Tem também um outro final terrível. Aquele em que ele te deixa sem dó e nem piedade, te deixa por outra! E a outra é bonita, aparentemente mais nova, o cabelo é mais comprido que o seu, ela malha muito e o pior é que dizem que ela é boa gente. Acredite, tem um lado bom nisso, apenas um, mas ele existe.

Passada a fase em que você se entrega, chora, engorda, quer morrer, vem a fase da Fênix, sim, aquela que ressurge linda e vitoriosa das cinzas. Você passa a ter o objetivo de ser melhor que a “rival”. Passa a se cuidar mais, faz um corte moderno nos cabelos, compra roupas lindas, entra em uma academia e malha como uma louca. Afinal, mesmo sendo um sentimento péssimo, o ódio nos impulsiona, negamos isso sempre, mas, aqui entre nós, uma pitadinha de raiva aquece o motor.

Nesse ressurgir acontece o melhor, o milagre, você passa a ser muito mais legal do que era na época do “desgraçado”, você fica mais engraçada, sedutora, amiga, enfim. Você quer que chegue a ele a seguinte informação: “Que péssima troca você fez!”

Nessa jornada toda, quem sabe você não acaba encontrando um novo amor e o que te impulsionou você já deixou pra trás. Agora o que te move não é a raiva, a magoa, o ódio, o que te movimenta é o novo, a paixão, o amor. Tenha certeza, quando dizem que só um amor cura um desamor, bom, isso é a pura verdade.

Aprenda uma coisa com tudo isso, esteja aberta para a vida, para o novo. Nossa vida não é um filme, às vezes o que queremos que aconteça não acontece, às vezes o the end chega no meio do filme que botamos na nossa cabeça, às vezes o incerto, o que a vida vai nos apresentar logo ali virando a esquina, é infinitamente melhor do que tudo que já planejamos.

Chega de montar roteiros para sua vida. Levante de manhã, abra os olhos, sorria e deixe a vida agir!

Amar, realmente vale a pena?





“Amar é como pegar uma arma entregar ao outro e declarar.Tome. Só você pode machucar”
Antonio Gala


Quando li pela primeira vez a frase do poeta espanhol que abre este texto fiquei petrificada, pensando comigo mesma no quão perigoso é amar. Depois, ponderei que estava errada, mas me lembrei que muitos compartilham deste raciocínio. Percebi então que agindo desta maneira nos fechamos cada vez mais. E isso não é nada bom.

Será este o motivo de vivermos nessa era de solidão? Essa grande verdade do poeta espanhol nos paralisa para amar? Será que é assim que muitos homens se sentem quando se encantam com uma mulher e depois não a procuram mais? Será que as pessoas andam aprisionadas no medo intenso e escondidas até de ser alguém?

A minha conclusão no meio de toda essa confusão é que o amor, às vezes, castiga sim, mas acima de tudo, o amor salva.

Quando nos sentimos amedrontados com a possibilidade de amar, de pertencer, de possuir o outro, precisamos estar cientes que podemos sofrer, sim. Que tal experiência pode doer, mas a certeza que amar é a única maneira de se perpetuar, essa nunca pode nos abandonar.

A vida vai indo, vai seguindo para lugar algum e o único jeito de preencher essa trajetória de sentido é fazer a diferença para alguém e ter alguém fazendo o mesmo por nós. Isso só acontece se entregarmos nosso coração, na incerteza se o castigo por tal atrevimento poderá ou não chegar, o prazer de tal ato nos inunda inevitavelmente.

Portanto, se o medo chegar mande-o embora. Se ele insistir em ficar, ignore-o.

Você tem muito mais o que fazer, como por exemplo, viver. De tanto fingir que não sente medo você vai acabar acreditando nisso, aí amar e permitir que alguém te ame passara a ser algo muito mais simples.

Quando você ama dá o poder ao objeto amado de te machucar. Sim, a arma existe. Mas lembre-se que o ato de entregá-la a alguém é seu, portanto, pense bem em suas escolhas e jamais sinta medo. Porque o medo aprisiona, paralisa. E isso é tudo o que você não pode deixar acontecer consigo mesmo.

Procure se conhecer antes de qualquer passo, pois, como diria o influente pensador da psicologia analítica, Carl G.Yung. “Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta”. Olhe para dentro de si e desperte para a vida. Ela se torna muito mais interessante, instigante e cheia de prazer quando corremos riscos.
E o risco de amar...ah, esse sim vale a pena!