Quando tão perdida me achei

“Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma”
(Chico Buarque de Holanda)


Você grita o seu nome muito alto, num tom de desespero e do outro lado do seu ser escuta um eco te respondendo. Não existem paradas, atalhos, transtornos ou prazeres, apenas um enorme vazio interior.



Você para, respira, olha para os lados e tem um montão de gente, eles falam com você, mas seus rostos estão em branco, você não os reconhece. Quem são essas pessoas que te abraçam, que saem para comer pizza junto com você, que te ligam e falam incansavelmente de si mesmas, que exigem seu teu sorriso, que te sugam ou ignoram? Quem são essas pessoas que te rodeiam agora, você não as reconhece?
Vamos lá, você respira fundo novamente e agora não consegue se sentir. Corre para o espelho mais próximo e o já esperado se concretiza, você não se reconhece. Será mesmo um espelho? Será mesmo você refletida ali?

Você agora decidiu correr, que tal dormir? E esse vazio que não passa, a única coisa que você reconhece é a sua própria voz clamando por você mesma.

Você resolve conviver com o tal oco interior, quem sabe ele não desaparece se você parar de tentar entende-lo?! O tempo passa e ele passa e ele continua lá, você acha que tem uma úlcera gigante, talvez tenha sido e se foi pelo namorado que se foi, mas como era mesmo o nome dele? Já sei, intolerância a lactose!

O tempo passa e de repente você até passou a gostar da sensação de vazio, do limbo espiritual. É tão mais confortável não se confrontar, seguir as regras do momento, se relacionar com pessoas sem rosto, afinal, se elas forem embora, a substituição é muito mais fácil.

Você depois de um tempo, por curiosidade, tenta de novo, grita bem alto seu nome e ... estranho...até o eco sumiu.Pronto agora é a hora do confronto, você é um ser absolutamente só. Na balada, com a família, marido ou esposa, filhos ou até seu gatinho! Você se perdeu!

Não quero terminar meu texto assim, vamos lá, saia correndo floresta a dentro, procure a agulha no palheiro, diga não a seres sem face, selecione seu mundo , olhe nos olhos das pessoas, as reconheça. Continue berrando seu nome, se aproxime de abismos, enfrente seus medos, deseje loucuras. Construa-se

Grite bem alto seu nome e ... nossa o vazio quase nem existe, você começa a sentir o gosto das coisas, as pessoas ao redor...quase todas foram embora, mas quem ficou tem rosto!

Feche os olhos, berre bem alto por você e agora...
“Espelho, espelho meu, essa quem vejo tão real no espelho... sou mesmo eu”.

4 comentários:

  1. Fatita, seus textos me fazem parar para pensar,e querer cada vez mais ler, ler e ler ....
    Vc é Maravilhosa, otimos conselhos !!!
    Gde beijo

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  2. Fati, nossa sessão rendeu hein...rs
    Adoro-te
    Leda

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  3. Obrigada pela visita no meu blog.
    Gosto muito do teu blog.
    bj
    Maria Lúcia

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  4. Oii Fatita !

    Excelente os textos !

    Saudades de vc!

    Bjuss

    Pri

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