A doce prisão de ter sempre a razão

“Eu sou o rei, a rainha,

 o dono do mundo!

- mas cadê todo mundo?”

Vamos admitir, é demais de gostoso escutar:

- Você sempre tem razão!

No mundo do “Eu tenho razão” moram a vaidade, o discernimento, um mundo de possibilidades que nos levam a constatação sábia de:

- Ter razão!

É feito um reino, quando sentimos que estamos no caminho, que realmente vai rolar “ter razão”. . .

Bom, aí é só partir para sentar no trono e esperar a coroação.

Tem gente que jamais tira a coroa, ela pode pesar, afinal, é cravejada de pesados brilhantes, pode te deixar mais solitário, pois é mesmo difícil ser amiga de um rei (rainha), mas a vaidade de usá-la e brilhar e brilhar, é maior que tudo isso.

Tem gente que a usa de vez em quando e, muito timidamente e por que não dizer? – Sabiamente, a cobre com um lindo lenço levemente transparente. Sim, ela brilha, mas não assusta.

Ela continua pesada, mas não é um fardo. Ela te aguça a vaidade, mas não te deixa aprisionada a ela.

E tem quem que não tira a coroa por nada, mas está muito mais preocupado em aproveitar a vida do que desfilar por ela, portanto, é um nobre sim, no meio de simples plebeus sem razão, mas faz com que todo esse processo de monarquia seja suave, quase nem percebido.

De que jeito você usa sua coroa?

Ter razão é doce como o mel, com grades transparentes, mas não menos grades, que nos aprisionam em um cubículo de vaidades.

Você pode ouvir:

 - Sim, sim, você tem razão!

Mas tudo ficou tão severo!

Ou:

- Você é tão preocupada em exibir “sua realeza” que isso te cegou para a possibilidade de admitir, um dia, que você também erra!

Sempre ter razão, estar sempre certo (a), faz com que você, que tem enormes asas, fique cada dia mais fincado no chão, talvez pelo peso de ouro e brilhantes, e aí, um dia, você se dá conta que esqueceu de ser leve e não sabe mais voar.

Ter razão é como chocolates, vicia, é gostoso, mas demais, faz mal.

É como o chopp no calor de 40°, como o frio acompanhado do vinho e do fondue, se for demais, acredite, enjoa! ! !

P.S. Desejo que o brilho dos brilhantes não te ceguem e que o peso da coroa não te faça esquecer das tuas asas !